quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nunca quis morrer num sábado ao sol

Nunca quis morrer num sábado ao sol
. Digo: asas de vento
(a memória da tua voz
: encontramo-nos na foz, na rocha escondida); e
a paz das palavras, deixa que te conte: sossega
acalma amorna abraça abranda. Digo: há
velocidades mais absolutas talvez que
as do movimento interno das asas: asas
dentro no corpo como bichos roendo
a pele, roendo o sangue, berrando à
saída. Digo: não morrerei num sábado ao sol.
E a certeza interna dos prazos menores da
vida esconde-se atrás da pedra dura rija
fria: digo: soubesse eu das asas do vento
carinhoso sobre a pele sobre a pele sabendo da pele.
Um mar passa longo, e dentro das vagas a memória desmaia.
Digo: há portas talvez mais velozes pelo movimento interno das asas
para o céu; e o movimento é este:

~~~~~~.